segunda-feira, 22 de novembro de 2010
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paraíso artificial: um jardim para uso próprio
[...] afirmam que a conservação deste mundo é uma perpétua criação e que os verbos “conservar” e “criar”, tão inimizados aqui, são sinônimos no céu.
j. l. borges
O fictício não está nunca nas coisas nem nos homens, mas na impossível verossimilhança do que está entre eles: encontros, proximidade do mais longínquo, absoluta dissimulação lá onde nós estamos.
Michel Foucault
inventamos sempre o mundo porque a origem está sempre aquém (e além) do homem. disse um dia charles baudelaire em seu livro paraísos artificiais, que o homem visível da natureza visível [...] substituiria os móveis sólidos e os jardins verdadeiros por cenários pintados sobre tela e emoldurados. é assim: buscamos instaurar esses lugares Reais, esses cenários, para nos con-fundirmos; jardins onde podemos estabelecer diálogos amicais para tornar o mundo mais suportável.
e foi assim que surgiram essas pinturas: nem minhas, nem deles, nem suas, caro leitor. elas são como passagens que nos permitem estarmos próximos por um segundo e quase nos tocarmos uns aos outros enquanto diante delas nos colocamos. são como o paraíso, sempre desejável mas somente entrevisto; não revelado pois sempre perdido e já passado.
gm ou giovanna martins
Formada pela Escola Guignard (UEMG) e mestre em Artes Visuais pela EBA – UFMG. Professora Adjunta do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Belas Artes da UFMG. Participou nas exposições coletivas Desenhos e outras intoxicações (BHz- Galeria do IAB, 1985), Operações fundamentais (BHz- Palácio das Artes, 1989), Refratário (BHz- Galeria da CEMIG, 2000) e O livro que não está aqui (BHz- Livraria Quixote, 2005). Realizou as individuais Tempestade na 3ª hora (SP- Itaúgaleria, 1986) e Pintura (BHZ- Sala Corpo de Exposição, 1991/97/99). Foi premiada no 18º e 19º Salão Nacional da Prefeitura de BH (Museu de Arte da Pampulha, 1986/87). Mestre em Artes Visuais com a pesquisa "Três personagens no território dos afetos: transversais de inscrições contemporâneas" (EBA-UFMG), e doutora em 2019 (EBA-UFMG), escreveu "Corpos nebulosos: imagens entre aparição e desaparição". Nos últimos anos vem investigando as relações de afeto no campo das artes visuais; as operações simbólicas que se fazem no entrelaçamento das artes visuais com a literatura; assim como os corpos nebulosos do mundo e das imagens que se fazem entre aparição e desaparição, assuntos sobre os quais tem realizado seu trabalho, ministrado cursos e publicado artigos.
manual de nuvens para constable
[…] são elas hoje a principal realidade, e preocupam-me como se o velar do céu fosse um dos grandes perigos do meu destino.
(fernando pessoa)
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